“Existe obrigatoriedade de fazer revisão de programas de qualidade?” A resposta é não. “Então posso ficar sem revisar um programa ao infinito?” A resposta também é não.
Por que essa contradição? Porque os programas fazem parte da melhoria contínua do Sistema de Qualidade. E o sistema de qualidade nas indústrias de laticínio está em evolução constante e muito rápida.
O entendimento muitas vezes vem através de fiscalizações, auditorias, problemas de qualidade no mercado ou problemas gigantes dentro da própria indústria. Não existe em lugar nenhum um tempo mandatório para revisar programas – seja PAC, manual de qualidade, protocolo de validação, formulário, manual de BPF ou qualquer outro documento.
Porém, não podemos dizer que não vamos verificar ou revisar esses programas, porque eles fazem parte do ciclo PDCA da área de qualidade.
Mas, afinal, o que deve te tirar da inércia e te fazer abrir aquele PAC que está há anos na mesma versão? Existem três gatilhos principais. Confira abaixo:
Quando Revisar: Os Principais Gatilhos
1. Mudança na Legislação
Este é o gatilho mais forte e inegociável. Quando um órgão regulador como o MAPA ou a Anvisa altera, revoga ou adiciona um adendo a uma legislação, a revisão do programa relacionado é mandatória.
Um exemplo recente foi a revisão da legislação de contaminantes pela Anvisa. Essa mudança obrigou que todas as indústrias revisassem seus planos APPCC, pois os níveis aceitáveis de metais pesados e contaminantes inorgânicos, que são a base de muitos PCCs, foram alterados.
Importante: a revisão é focada apenas no programa-alvo. Se a mudança afeta apenas o APPCC, não há necessidade de revisar todos os outros PACs que não têm relação com o tema.
2. Grandes Não Conformidades
Este é o gatilho que ninguém quer, mas que gera as mudanças mais significativas. Ocorre quando uma falha interna gigante explode na sua mão: uma contaminação em massa, um aumento súbito nas devoluções de mercado, um problema que causa um impacto absurdo na sua operação. É quando a gente aprende tomando na cara.
Eu já vivi isso na prática. Uma indústria estava sofrendo com uma contaminação gigantesca e ninguém achava a causa. Depois de muita investigação, descobrimos que quedas de energia na região estavam fazendo os produtos ficarem parados nas linhas por mais tempo do que o ciclo produtivo que havia sido validado permitia.
A solução não foi apenas dar treinamento e esperar que a energia não caia mais, mas criar um novo monitoramento. Isso forçou a revisão imediata do programa do laboratório e a criação de novos formulários de controle para monitorar os produtos em processo, prevenindo a recorrência da falha.
A mesma condição se aplica quando acontecem devoluções do mercado, quando você tem aumentos súbitos nos níveis de SAC e RNC. Esteja sempre atento!
3. Revisão Anual (Manutenção Preventiva do Sistema)
E quanto aos programas “mais calmos”, como os de validação ou auditoria interna, que não são tão operacionais e sofrem menos impacto? Para estes, a boa prática é realizar uma revisão anual pelo menos.
O objetivo é capturar pequenas mudanças que podem ter ocorrido, como a alteração de um responsável. Por exemplo, se antes a “Garantia da Qualidade” contratava a auditoria interna, e agora essa responsabilidade foi dividida com o setor de “Compras” para negociação de preço, o programa precisa ser atualizado para refletir essa nova realidade.
E se após ler todo o programa, nada mudou? Perfeito. Você simplesmente registra no controle de versões: “revisão anual protocolar”. Isso evidencia que você leu e teve a certeza de que o programa continua válido e atual. É a prova de que seu sistema está vivo e sob controle.
Registros e Controle de Revisões
Cada programa pode ter diferentes números de revisões. Não há problema um documento ter quatro revisões enquanto outros estão na segunda, desde que a revisão documental esteja pautada nas legislações de aplicação de cada programa.
O importante é manter o controle adequado das revisões, registrando:
- Motivo da revisão
- Data da revisão
- Responsável pela revisão
- Principais alterações realizadas
Conclusão: A Revisão é o Motor do seu Autocontrole
Revisar programas de qualidade não é questão de cumprir protocolo, mas de manter seu sistema de gestão vivo e eficaz.
O segredo está em entender que cada programa tem sua dinâmica própria. Uns demandam mais atenção por serem mais operacionais, outros podem ficar mais tempo sem alterações. O importante é que o sistema reflita a realidade da sua operação e esteja sempre atualizado para garantir a qualidade dos produtos fabricados.
Lembre-se: sistema de gestão de qualidade não é papel. É ferramenta de trabalho que precisa funcionar na prática.
E aí, eu te pergunto: seus programas estão acompanhando a evolução da sua operação?
Não espere o problema acontecer.
Nossa consultoria especializada em qualidade para laticínios oferece:
✓ Revisão completa dos seus Programas de Autocontrole (PAC): Identificamos falhas, desatualizações e oportunidades de melhoria
✓ Implementação de novos programas: BPF, APPCC, rastreabilidade, controle de fornecedores e outros PACs exigidos pela legislação
✓ Adequação às mudanças legislativas: Mantemos sua documentação alinhada com MAPA, Anvisa e órgãos estaduais
✓ Treinamento da equipe: Porque programa bom é aquele que funciona na prática, não só no papel
✓ Suporte técnico: Acompanhamento para que seu sistema de qualidade evolua junto com sua operação
Entre em contato conosco e agende uma análise da situação documental da sua fábrica. Vamos identificar o que precisa de atenção urgente e construir um cronograma realista de adequações.
Tem dúvidas sobre como organizar as revisões dos seus programas? Deixe um comentário ou entre em contato. Estamos aqui para ajudar sua indústria a manter o sistema de qualidade sempre atualizado e eficaz!
